26 de outubro de 2008

DOR ANTIGA



Sobre soluços sulco a dor antiga
como a noite afagando-me os cabelos
de escuridão, com sua mão amiga.
Fico, memória em água, a escorrê-los.

Um arrepio de passado ou medo
rasga-me a pele entre tristeza e espanto.
Deixo que o frio que me queima os dedos
morra no corpo saciado, enquanto

uma lágrima escorre para dentro,
desliza, cai e se evapora estéril.
Nem o silêncio se ouve por lamento.

Frágeis soluços desta dor antiga
estrangulo-os na noite que vem fértil
afagar-me com sua mão amiga.


José Augusto Seabra.

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