DOR ANTIGA

Sobre soluços sulco a dor antiga
como a noite afagando-me os cabelos
de escuridão, com sua mão amiga.
Fico, memória em água, a escorrê-los.
Um arrepio de passado ou medo
rasga-me a pele entre tristeza e espanto.
Deixo que o frio que me queima os dedos
morra no corpo saciado, enquanto
uma lágrima escorre para dentro,
desliza, cai e se evapora estéril.
Nem o silêncio se ouve por lamento.
Frágeis soluços desta dor antiga
estrangulo-os na noite que vem fértil
afagar-me com sua mão amiga.
José Augusto Seabra.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial