26 de outubro de 2008

HOMENAGEN



Silêncio de um tecido em seda cinerário
Mais que uma só dobra pode desdobrar
Sobre o móvel que a queda do grande pilar
Derroca com a memória em estado precário.

O nosso antigo embate triunfal do glossário
Em cifra, hieróglifos de que o milhar
Se ergue a ressoar com a asa um fremir familiar!
Guardem-no, para mim, melhor, em um armário.

Do ridente fragor original odiado
Por entre as claridades, mestras viu-se alçado
Até um adro nascido para o simulacro,

Trompas fortes de baço ouro sobre velinos,
Richard Wagner, o deus, a irradiar ritual sacro
Que a tinta mal cala em soluços sibilinos.


Stéphane Mallarmé.

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