O ESPELHO
Corresse pra onde corresse
O espelho a perseguia
E embora não perguntasse
O espelho respondia
Não terás escolha fácil
Não singrarás calmarias
Carregas um Deus no ventre
Um Deus que não te pertence
E é este Deus quem te guia
Deixarás os ninhos quentes
Pra se atirar na corrente
De ar sem saber-lhe o rumo
E lançada ao imprevisto
Odiarás tua cria, renegarás teu menino
Tentarás sentar-te a sombra
E as dores socando o ventre
Te devolverão o destino
Tentarás andar com as outras
Mas teu oco fecundado
Fará o teu passo manco
Então buscarás a morte
Todo dia em cada esquina
Até entender tua sina
Que é morrer por toda a vida
E em cada partida
Purgar uma dor do mundo
E em cada volta
Trazer uma luz acesa
E esta tua beleza
Em mim ficará guardada
Até que consigas vê-la
Pois hoje foges cega
Surda
E bela.
Nanna de Castro.
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