JÚPITER E A RAPOSA
. o macaco é sempre macaco.
.
Nenhuma condição muda a baixeza
De quem é torpe e vil por natureza.
.
.
Foi o caso que, um dia,
À Raposa deu Jove a forma humana,
Colocando-a num trono soberana,
Com toda cortesia.
Nest'alta posição, viu a rainha,
Surgir a um canto, donde ela vinha,
Um vil Escaravelho:
Não pôde-se conter;com ligeireza
Vezeira, se atirou à imunda presa,
Sem guarte nem conselho.
Riram-se os deuses. Júpiter, corando
De um passo tão servil como execrando,
Do trono a repeliu,
Mandando que descesse em continente
Do sólio profanado; e nobremente
Destarte prosseguiu:
- " Vive como mereces. Com certeza
Teu baixo instinto e torpe natureza
Não podem consentir
Que gozes dignamente dos favores,
Que houvemos, apesar dos teus pendores,
Por bem te conferir."
.
.
.
Fedro.
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Nenhuma condição muda a baixeza
De quem é torpe e vil por natureza.
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Foi o caso que, um dia,
À Raposa deu Jove a forma humana,
Colocando-a num trono soberana,
Com toda cortesia.
Nest'alta posição, viu a rainha,
Surgir a um canto, donde ela vinha,
Um vil Escaravelho:
Não pôde-se conter;com ligeireza
Vezeira, se atirou à imunda presa,
Sem guarte nem conselho.
Riram-se os deuses. Júpiter, corando
De um passo tão servil como execrando,
Do trono a repeliu,
Mandando que descesse em continente
Do sólio profanado; e nobremente
Destarte prosseguiu:
- " Vive como mereces. Com certeza
Teu baixo instinto e torpe natureza
Não podem consentir
Que gozes dignamente dos favores,
Que houvemos, apesar dos teus pendores,
Por bem te conferir."
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Fedro.
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