20 de novembro de 2006

DAS RIMAS



Em um escuro canto do salão,
Esquecida talvez do próprio dono,
Toda cheia de pó e silenciosa
Achava-se uma harpa.

Quanta nota dormia em suas cordas,
Como um pássaro dorme entre a folhagem,
A suave mão branquíssima esperando
Que sabe desferi-las.

Ai! - eu pensei - Ai! quanta vez o gênio
Assim dorme no fundo de uma alma,
E como Lázaro uma voz espera
Que lhe queira dizer: "Levanta-te e anda!".


Gustavo Adolfo Bécquer.

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