15 de abril de 2008

ROY, O RAPAZ PESTICIDA



Chamávamos-lhe Roy,
nós que sabíamos da sua vida.
Por outros era conhecido
como o Rapaz Pesticida.

Gostava de amianto e amoníaco,
e muito fumo de cigarro.
Só de o seu ar inspirar
daria para sufocar!

O seu brinquedo preferido
era laquê de cabeleireiro;
sentava-se calmamente
vaporizando o dia inteiro.

Nas manhãs de geada,
metia-se na garagem
e escondia-se lá atrás,
à espera que arrancasse o carro
com uma lufada de gás.

Quando Roy se pôs a brincar
com cloreto de sódio,
foi a única vez na vida
que o vi chorar.

Um dia puseram-no no jardim
para apanhar ar puro.

Roy ficou branco como cal
e completamente duro.

O último suspiro da sua vida
foi penoso para o pesticida.
Quem diria que se morria
por causa da luz do dia?

A alma de Roy voou para o céu
deixando o corpo ao abandono.
E todos rezamos em silêncio
quando o vimos furar o ozônio.


Timothy William Burton (Tim Burton).

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