ROY, O RAPAZ PESTICIDA

Chamávamos-lhe Roy,
nós que sabíamos da sua vida.
Por outros era conhecido
como o Rapaz Pesticida.
Gostava de amianto e amoníaco,
e muito fumo de cigarro.
Só de o seu ar inspirar
daria para sufocar!
O seu brinquedo preferido
era laquê de cabeleireiro;
sentava-se calmamente
vaporizando o dia inteiro.
Nas manhãs de geada,
metia-se na garagem
e escondia-se lá atrás,
à espera que arrancasse o carro
com uma lufada de gás.
Quando Roy se pôs a brincar
com cloreto de sódio,
foi a única vez na vida
que o vi chorar.
Um dia puseram-no no jardim
para apanhar ar puro.
Roy ficou branco como cal
e completamente duro.
O último suspiro da sua vida
foi penoso para o pesticida.
Quem diria que se morria
por causa da luz do dia?
A alma de Roy voou para o céu
deixando o corpo ao abandono.
E todos rezamos em silêncio
quando o vimos furar o ozônio.
Timothy William Burton (Tim Burton).
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