CAMERA OBSCURA
Talvez, porque
No pacote das fotos
Por convenção
O uivo é mudo e
Bloqueado o curso
Na suspensa evolução,
Atrás, à frente
Tudo já se passou
E ali é checado
Com mínima distância,
Méritos e culpas
Embaixo do cristal.
Os vivos estão mortos:
Colhidos em ausência
De estatuto, no ato
De descer sem portos
Porém com suas partidas
E chegadas.
Os mortos estão vivos.
A sombra do rosto
A imagem refletida
A esteira que se sucede
A pegada que acaba
Sob o vidro...
A projeção de uma vida
Que a precede
Permanecendo atrás.
A cifra, dada,
E perdida, misteriosa
De um ser a
Cavalo, dentro e
Fora: o eu dominado
Por um todo absoluto
E indiferenciado...
Os traços de um
Discurso em si extraviado,
Perdido, deslizado
No declive do
Tempo fulminado
O objeto que se
Ofereceu à objetiva
Comprimido e distante.
À morte condenado,
E no entanto ali suspenso
Por tempo indefinido
Desenhado, por absurdo,
Em seu ser estendido.
O ato falho.
Paolo Ruffilli.
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