15 de junho de 2006

MEU SONHO


Em meus sonhos te vi como névoa revolta
Transfigurando-se célere em estátua de pedra
Longínqua musa que em sons se evapora
Até penetrar o meu ser como chuva na terra
Senti teu cheiro e teu gosto entre tuas pernas
Domei o teu corpo como escrava de Angola
Tuas amarras soltei e numa câmera lenta
Penetrei teu sexo como ginete de espora
Entre gemidos e gritos te apertei como algema
Saboreei teus licores e me inebriei com teus cheiros
Respirando o suave aroma de tua alfazema
E beijei teus olhos fechados, mordi a luz do teu seio
Provei tua doce pele de deusa morna e serena
Que me fez explodir em gozo dentro de teus receios
.
.
Lorenzo Madrid.
.
.

INSIGHT


"AS GRANDES ÉPOCAS DE NOSSA VIDA SÃO AQUELAS EM QUE TEMOS A CORAGEM DE REBATIZAR NOSSO LADO MAU DE NOSSO LADO MELHOR".


NIETZSCHE.

O ENCOBERTO

Que symbolo fecundo
Vem na aurora anciosa?
Na Cruz Morta do Mundo
A Vida , que é a Rosa.

Que symbolo divino
Traz o dia já visto?
Na Cruz, que é o Destino,
A Rosa, que é o Christo.

Que symbolo final
Mostra o sol já disperto?
Na Cruz morta e fatal
A Rosa do Encoberto.


Fernando Pessoa.


RENASCER



Hoje eu devia chorar
Hoje eu devia lembrar
As noites que já passamos
Recordar os instantes que já vivemos
Dizer as coisas que já dissemos.
Hoje eu devia gritar
Me perder na dimensão do passado
Ao ver que o que não foi meu
Por outro foi conquistado

Hoje eu devia chorar
Mas, as contrário, eu rio
Ao ver que o que não foi meu
Na verdade nunca seria
Nem que o tempo parasse
Naquele instante sublime
Nem que o mundo acabasse
Nunca serias minha
Porque nunca foste de alguém
E hoje eu rio.


Lorenzo Madrid.