15 de junho de 2008

A ESFINGE NA NÉVOA



Quando a alma
fala
já não fala a alma.
Se o corpo é sua escada
a língua é por onde
ela escapa?

Jamais sairemos
desse labirinto
de falsos silêncios;
Então, por que não cantamos
enquanto afundamos?

Ou por que não nos calamos,
até o fim da névoa
do labirinto
e do silêncio torpe?...

Se a canção da Ursa Maior
não nos alcança,
afundar no canto ausente
das sereias de antes,

e apesar da vitória
deste abismo em nós
de nossa secreta Ítaca
não estamos tão distantes.

Ítaca dentro de nós:
A torre, a amada a fiar o manto,
o cão cego e fiel,
a mesa, o vinho...

Ítaca – a felicidade-
escondida no mar de abismos
e nos labirintos de sal
- nossa casa-alma:
Esfinge na névoa
que sempre encontramos
no final.



Bárbara Lia / Marcelo Ariel