26 de novembro de 2006

FRAGMENTO DE UM CANTO EM CORDAS DE BRONZE



Deixai que o pranto esse palor me queime,

Deixai que as fibras que estalaram dores

Desse maldito coração me vibrem

A canção dos meus últimos amores!

Da delirante embriaguez de bardo

Sonhos em que afoguei o ardor da vida,

Ardente orvalhos de febris pranteios,

Que lucro à alma descrida?

Deixai que chore pois. -

Nem loucas venham

Consolações a importunar-me as dores:

Quero a sós murmurá-la à noite escura

A canção dos meus últimos amores!

Da ventania às rápidas lufadas

A vida maldirei em meu tormento -

Que é falsa, como em prostitutos lábios

Um ósculo visguento. Escárnio!

Para essa muitas virgens

Como flores - românticas e belas -

Mas que no seio o coração tem árido,

Insensível e estúpido como elas!

Que agreste vibrar, ruja-me as cordas

Mais selvagens desta harpa - quero acentos

De áspero som como o ranger dos mastros

Na orquestra dos ventos!

Corre feio o trovão nos céus bramindo;

Vão torvos do relâmpago os livores:

Quero às rajadas do tufão gemê-la,

A canção dos meus últimos amores!

Vem, pois, meu fulvo cão! ergue-te, asinha,

Meu derradeiro e solitário amigo! -

Quero me ir embrenhar pelos desvios

Da serra - ao desabrigo...



Álvares de Azevedo.


TINTIM



Entre a noite e a aurora, nalguma hora em que vaga a mente
.
e vê o que foi sem ter sido,
.
noutras noites, a bordo daquele cargueiro rangente,
.
na Filipina distante, ou nalgum porto, no Pacífico imenso,
.
pedras do calçamento molhado rebrilhantes à luz da lua,
.
meandros de ruas e casas à fraca vela dos postes,
.
ninhos de putas às portas dos bares em que nunca estivemos,
.
sombras e luzes e o girar lento das palmeiras e das pás de vento
.
pendentes no teto descansando, banhando-se nas fímbrias
.
e nas réstias de luz por entre cortinados de bambu,
.
e a fumaça de milhares de cigarros vagabundos misturando-se
.
aos perfumes molhados da selva e das veredas tropicais sob as estrelas;
.
e embarcávamos resolutos nalgum navio de ferro
.
e homens suados em que não fomos
.
tatuados de amor e morte entre calados sábios papagaios,
.
sinais de rádio e de telégrafo,
.
carcaça balouçante entre as ondas e o praguejar do cozinheiro,
.
relâmpagos e trovões oceânicos rugentes
.
sobre os lamentos cavos das vagas a nos tragar
.
e a nos vomitar um dia nas calmarias e no sal do mar,
.
a nós inebriados do sal lambido dos sovacos das cadelas das bairas dos cais
.
a naufragar-nos dentro da goela macia da baleia,
.
entranhas de mobydick e matahari,
.
sexo dos contrabandistas e dos piratas
.
e nada além de uma página de pergaminho virada encharcada
.
coberta de nada,
.
e significando tudo.
.
.
.
Luiz Augusto Kehl.
.
.

BLACK ROSES



What have happened to my garden of black roses
Oh nurturing years of so long
When I was a boy I planted a garden
That meant so much to me
One of reality, yeah
A garden of Love, none like this before
One of a kind quality, yeah
A prayer for you and me

What have happened to my garden of black roses
Oh nurturing years of so long [so long]
What have happened to my garden of black roses
They say a stranger treated them wrong

If we can keep the candles burning
To shelter them from pain,
Oh let them laugh again, oh oh
Shower the world with their innocence
Whose tears felt like rain
History remains the same

But one by one they come up missing
Strangers thought
Strangers thought I was sleeping
Some life
Some life mean nothing to some people
Watch out now we've got them on the run

What have happened to my garden of black roses
Oh nurturing years of so long
What have happened to my garden of black roses
They say a stranger treated them wrong

Tell me
What have happened to my garden of black roses
Will someone help me sing this song
I haven't seen them for so long [so long]
My black roses
Where have you been
Will someone say
My, my black roses
My precious black roses
Night and day
I hear the children crying they say
What have happened to my garden of Black Roses
Oh nurturing years of so long...


Inner Circle.