26 de fevereiro de 2010

ETERNO RETORNO DO MESMO



O mais pesado dos pesos. - E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Essa vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisilmente pequeno e de grande em tua vida há de retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta esta aranha e este lugar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existencia será sempre virada outra vez - e tudo com ela, poeirinha da poeira!" Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias: "Tu és un deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda mais uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou,então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"


Trecho do Livro "A coragem como fator de sucesso". Nietzsche.