13 de setembro de 2006

REVISÃO DE BEETHOVEN



A lua sinfônica foge
afugentada pelos pássaros
e antes que os sinos enlouqueçam
ela surgirá no crepúsculo.

Confiantes na nossa morte
quando menos esperamos,
descerá em circulos cegos,
na alva geometria dos túmulos.

Todos seremos acordados
pelo pavor e sobre as frontes
raios moles escorrerão
como um estigma, para sempre.

Somos mortos incomodados
por camélias apodrecidas,
que as mãos amigas esqueceram
de retirar no tempo próprio.

Tememos que a lua sinfônica,
afugentada pelos pássaros,
desça até nós, com a luz
podre, acordando os demônios.


Alberto da Cunha Melo.


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