16 de agosto de 2006

O LOBO E A RAPOSA, TENDO POR JUIZ O MONO



. O mentiroso, ainda dizendo a verdade, não merece crédito .
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Aquele que de dolo e improbidade
Foi uma vez por todas suspeitado,
Ainda que sustente uma verdade,
Jamais consegue ser acreditado.
Demonstra Esopo a tese deste lema
No que segue brevíssimo poema.

(Fedro)
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De ter-lhe feito um furto o Lobo arguia
A cadima Raposa que o negava;
Do pleito - o Mono que presente estava
Arvorou-se juiz com bizarria;
E como cada qual mais aprumado
Tivesse feito o seu arrazoado,
É fama que o togado proferiria
Esta sentença: - "Tu, Lobo, o que exiges
Parece que jamais tenha perdido;
De ti, Raposa, seja ou não mentira
Tudo quanto deduzes e coliges,
Creio que praticaste o furto arguido."
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Esopo.