13 de julho de 2008

UM OLHAR PARA A IMORTALIDADE



Para Nazarethe Fonseca


Não entendia no começo.
Achava graça a naturalidade com que falava da alma,
Como se fôssemos crianças falando de histórias imaginárias.

Juro que tentava,
Mas não conseguia entender o brilho em seus olhos,
As palavras que fluíam de sua boca.
E a certeza que emanava de sua alardeada condição.

Não, eu pensava.
Ela não deve estar em seu perfeito juízo,
Ou gosta de brincar,
Talvez vivendo como um personagem de sua ficção.

Ria por dentro,
E embarcava na conversa como num grande sonho,
Um sonho no qual eu não me preocupava se era real,
Ou se teria algum sentido.

Não percebia o óbvio.

Que na cabeça dos poetas,
Os limites são linhas estreitas,
E que não importava muito,
Se a realidade em questão era mesmo concreta,
Ou que tanto fazia se acreditassemos no que bem entendessemos,
Desde que com isso,
A nossa ânsia vital passasse a ter algum sentido,
E as nossas respostas não precisassem mais ser tão milimétricas,
Bem ao rigor do tocar com os dedos dos céticos.

Foi assim que fiz então a descoberta.
Que o que antes haveria de ser explicado,
Tornava-se muito mais vigoroso quando era sentido,
Como se, ao sentir o cheiro,
Fosse inutilizada a leitura de mil livros.

Tive a minha resposta.

Percebi que a imortalidade, minha cara,
Faz parte dos olhos dos que assim a sentem.


Fernando N.

EM MINHAS VEIAS



Morda-me.
Deixe-me correr por suas veias,
Amá-lo com meu sangue mortal.

É um convite,um pedido,uma súplica dita junto a tua boca de vampiro.

Quero sentir teu beijo frio.
Preciso desesperadamente sentir sua língua.
Meu corpo morno te aguarda trêmulo.
Desejo-te,venha...
É um convite mortal.
Preciso de um beijo de sangue.

Dessa pequena morte selvagem que me dá.
Dos teus olhos febris me devorando.
Deixe-me morrer dentro de suas veias e virá esta fome
Que te perturba,que te enlouquece,que te leva ao êxtase.
Meu amor,meu pequeno monstro sangüinário.
Preciso te amar assim em meus sonhos,
Com meu coração...

Venha pelos telhados,dentro da noite que espero ansiosa.
Quero sentir teus dedos, teu corpo tão morto-vivo.
Quero desesperadamente sentir teus caninos em minha carne.
Eu sangro feliz,eu te convido siente da dor.
Cansei de viver de sombras,de palavras e mentiras.
Preciso do que conheço como real,você,meu amor.
Desse beijo maldito que me dará restará a morte.
Mas é assim que eu quero,é assim que será.
Vem,eu não tenho medo do teu abraço.
Na verdade sou como você.
Meio vampira.


Nazarethe Fonseca

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